Acordo cedo para preparar minhas coisas, desço para ver Will e Márcia que me oferecem um café com pão amanteigado e os cachorros-quentes restantes do dia anterior. Márcia tem que sair, Will me faz visitar a propriedade e desenvolve o assunto sobre seus projetos antes de me levar ao portal da Graciosa, perto da BR, onde todos os turistas e ciclistas param para tirar uma foto de lembrança. Na estrada nós paramos na mercearia local onde eu compro um pote de doce de leite para as crianças. Quando voltamos, continuamos a conversar antes de eu terminar de carregar minha bicicleta. Última foto com meu anfitrião e começo a pedalar a parte antiga da estrada da Graciosa.

Depois de alguns quilômetros eu paro na entrada de uma fazenda, ao longo de uma floresta de eucalipto, meu medidor está exibindo 5000 km. Paro para uma foto de recordação e então volto ao rumo de Curitiba. As araucárias pontilham o caminho, os sítios de madeira se espalham da direita para a esquerda, isso me lembra Minas Gerais.

Depois de algumas horas chego à entrada da cidade, onde Antonio me ultrapassa com sua bicicleta. Batemos um papo pedalando e acabamos por parar para dividir uma boa cerveja geladinha, enquanto ele espera por suas marmitex que a esposa deve levar para ele comer. Antes de sair, ele me indica a ciclovia para chegar ao centro. Continuo passando para a pista, a calçada, a faixa de ônibus às vezes, e paro para perguntar o meu caminho ou como de costume para conversar com alguém. Margot, atravessando a estrada, volta para mim para finalmente me abraçar e agradecer pela energia que lhe dei, “você fez o meu dia” diz ela.

Chego à casa de Michelle, minha anfitriã, falo uma meia hora com Julio, o porteiro e depois vou até o apartamento no quarto andar com todas as minhas coisas.

Michelle me recebe calorosamente, ela estava esperando para o almoço, felizmente eu senti isso quando Antonio queria me convidar para comer enquanto bebíamos cerveja. Curitiba, capital do Paraná, é uma cidade cosmopolita em escala humana comparada a São Paulo, cidade da arte e da música, onde os símbolos do Paraná são abundantemente representados. Na calçada pavimentada, nas paredes dos edifícios, museus, Araucária e suas frutas, os "Pinhões", são representados em todos os lugares, desenhos, pinturas murais e mosaicos do artista Poty decoram a cidade em diferentes temas: movimento escoteiro, alegoria pelo centenário do Paraná, a emancipação política, o teatro do mundo, a catedral, muitas representações da cidade, dos tropeiros que deixam seus animais beber nos poços que ainda podem ser encontrados na cidade velha, onde Michelle me leva à noite.

Passamos pela rua XV de Novembro, a praça dos ciclistas, as antigas ruas históricas pavimentadas, as igrejas tão frequentes e um pouco mais isolada a dos escravos, graffiti, músicos em frente à cada bar. Paramos para algumas cervejas, mas pela primeira vez desde a minha chegada ao Brasil, o frio me pegou. Um cachorro quente no caminho de volta para não ter que cozinhar e é hora de ir para a cama.

Michelle me deixou seu quarto para que seu gato Bolt não fizesse um buraco no meu colchão inflável, que eu instalo em sua cama enquanto ela coloca seu colchão no chão da sala de estar. Boa noite!

Depois de um bom café da manhã vamos caminhar até o mercado de domingo que atrai a galera, a casa da cultura apresenta a tradicional dança germânica e austríaca com sotaque brasileiro. Visitamos a casa Garibaldi com uma exposição sobre os migrantes italianos, sentimos a influência européia. Terminamos em outro mercado para comer um acarajé e uma especialidade polonesa.

À noite, eu me encontro com Natalia, que também mora no apartamento e está prestes a deixar o trabalho para mudar sua vida.

A semana passa à velocidade da luz entre boas discussões, passeios pela cidade, visita ao Museu do Olho, museu de arte contemporânea feito pelo famoso arquiteto Oscar Niemeyer, minha busca por equipamentos para a continuação do viagem, a manutenção da minha magrela na bicicletaria cultural. Conheço um amor de casal, Fernando e Patrícia, que organizam um encontro na bicicletaria, bate papo aberto sobre a viagem de bicicleta, onde apresento minha aventura, minhas motivações e as diversas vicissitudes que ocorrem na estrada. Um passeio com Nati para descobrir a balada em Curitiba, encontros com a família da Michelle e já chega o dia da partida. Nati me contou sobre o caminho de Limeira que atravessa a montanha pelas estradas de chão, a chuva é anunciada em dois dias, espero ter cruzado a maioria da serra quando chegar. Adeus à galera e obrigado por tudo, nos veremos novamente!