Depois da BR-280 eu entro na BR-101, ainda um eixo super movimentado, ao longo deste tipo de estrada há pouco espaço para a contemplação, o jeito é abaixar a cabeça mas você vai parecer um ciclista de competição.

A certa altura paro porque a cola de ontem não resistiu e a lâmpada da frente está pendurando perigosamente de novo. Eu preciso colar de novo e aproveito a oportunidade para comer algumas frutas enquanto a cola seca.

Deixando a rodovia em Barra Velha, uma oficina vende peças para impulsionar e amplificar o som dos carros.

Perfeito, é exatamente o que eu preciso, acho os plugues que preciso para começar a consertar o meu farol. Compro duas peças para ter certeza de ter o que preciso. Não são nem 3 da tarde, eu ainda tenho tempo à minha frente, paro no supermercado local para reabastecer, abobrinha, batata doce, aveia, passas, sopa chinesa, me informar sobre opções de acomodação e então retomo minha jornada. Um pouco adiante é hora de parar, que fome! Chef Brasil me oferece um prato do dia com uma cerveja OPA, fabricada em Joinville, que fica ao lado. No final, após as negociações, André, o chefe, me faz uma oferta imbatível de alojamento com jantar e café da manhã incluído, que não posso recusar. Ele dirige esse restaurante - pousada com seus pais e Gi, o faz-tudo que viajou por todo o Brasil de van há alguns anos. O quarto é imaculado, a cama confortável, o restaurante com uma agradável atmosfera rústica, a decoração original com molduras feitas de resíduos não recicláveis ​​representando a fauna aquática e a equipe é muito simpática.

À noite o André me prepara uma Gaivira, peixe delicioso que degusto acompanhado de arroz, feijão e salada.

Acabo por passar a noite em sua companhia e a de Gi, conversando sobre tudo, nada, a vida, espiritualidade, aventuras, mulheres, viagens, etc, tudo habilmente polvilhado com cachaça ouro e cerveja OPA 😃 . Magnífico encontro, momento de conexão, compartilhamento e humanidade com duas pessoas bonitas, quem passa pela região deveria parar por ali. Um grande obrigado a eles por me receberem tão bem. Por volta da meia-noite, saímos depois dessa bela noite com sabores alcoólicos.

Na manhã seguinte os vapores alcoólicas me deixam com uma boa ressaca que o café da manhã, servido pelo pai do André, me ajuda a passar. Depois de alguns dias nublados e cinzentos, o sol e o céu azul estão finalmente de volta, apesar da baixa temperatura, o dia parece ótimo. Arrumo o primeiro cabo do meu farol com as peças que comprei no dia anterior. O segundo, que teve o suporte de fixação do plugue arrancado, vou ter que esperar e encontrar uma oficina de conserto de TV ou alguém capaz de me fazer uma solda.

Partida, despedida com o Gi, chego no centro da cidade, aproveito o sol num terraço por uma boa hora antes de começar a andar de bicicleta na ciclovia que segue a praia. Já é quase meio-dia, nada de pressa, hoje vou ficar de boa, devagarzinho, curtindo esse lindo dia. Duas horas depois, paro na praia, no posto de socorro número 8, instalo minha rede e aqueço a água para uma sopa chinesa com um ovo escaldado antes de relaxar por uma boa hora na rede. Enquanto estou comendo, um cara com uma energia estranha, meio paranóica, que está preocupado com o carro da polícia fazendo suas rondas, desaparece e reaparece para fumar seu cachimbo de crack e depois o oferece a mim. Tudo está explicado, é o que pensei, "não obrigado irmão, não quero". Ele desaparece novamente na natureza enquanto eu continuo a aproveitar o sol. Nati me deu um aplicativo super prático que faz referência a muitos lugares disponíveis para acampar ou deixar uma van, eu o consulto e encontro um acampamento que poderia ser interessante perto de Penha, aqui vou, bora!

Acontece que eu começo a pedalar na região da Costa Verde, famosa pelo cicloturismo e pela primeira vez há uma secretária de turismo com mapas disponíveis. Coletando informações e reiniciando a pedalada. Aparentemente será o suficiente para eu seguir a costa e cair na zona que oferece diferentes opções de camping. Sigo esse rumo depois de passar pelo centro de Penha e de repente um técnico de TV do outro lado da rua, é meu homem! Hora de consertar minha lâmpada!

Explico o problema, mas não há problema, só há soluções, Che pode fazer a soldagem, mas devo trazer-lhe a bicicleta perto de seu plano de trabalho, porque ele não pode se rebaixar.

Descarrego a bike, desmontando o farol, enquanto converso, Che me solda um arame na massa quebrada e faço a conexão direta de um fio no outro. Aproveito esta oportunidade para reparar a conexão mediana para a luz traseira, é sempre mais fácil com as ferramentas certas. 

20 min depois, ótimo, ambas as luzes funcionam novamente e Che não me cobra nada pelo trabalho.

Ele me oferece um Chimarrão, uma bebida gaúcha típica do sul do Brasil, os amigos dele chegam e batemos um papo durante outra boa hora. Em breve estará escuro, tenho que ir, o Che confirma-me que o acampamento está a algumas pedaladas de distância.

Chegada ao refúgio do Poá, João, o dono, me recebe, monto minha barraca, por 15 RS ele me permite usar um apartamento para usar o banho quente e os dois fogões elétricos ⚡🙏🏽😀 Me ajuda a limpar o zona para instalar a barraca, a noite cai, eu subo na minha bike novamente, direção ao supermercado, já que tenho uma cozinha vou me fazer um bom jantar com duas brejas. Um bom prato de tagliatelle com legumes e creme de curry, mais tarde é hora de encontrar meu cantinho sob a tenda. Está frio pacas, felizmente meu saco de dormir é quente. 😴 💤