Após um lindo fim de semana em Paraty com a Mônica saí pela praia do Jabaquara para chegar ao centro histórico da cidade, que finalmente consigo aproveitar com o pouco de sol. Agora minha bicicleta passa naquelas velhas ruas pavimentadas de pedras, inundadas, as paredes e as arquiteturas coloniais refletindo-se nas poças de água com um fundo de céu azul. Impressionante como a luz pode mudar completamente as nossas impressões do mesmo cenário.

 

Paro em uma loja que serve como um centro de informações sobre as diferentes tribos indígenas que ainda povoam o Brasil, apesar da perseguição secular. Guarani, Pataxó, Kayapó, Enawene-Nawê e assim por diante são povos resistentes que sobreviveram por mais de 500 anos de colonização. Seu ofício é muito rico e variado, baseado na tecelagem, cestas, produtos naturais e pigmentos, sementes, coco, madeira, canudos que lhes permitem fazer máscaras, flechas, esculturas de animais, etc...

 

Intrigado por uma terra indígena não muito distante do itinerário do meu dia, dirijo-me para Paraty Mirim, umabaía cujo caminho passa perto de uma reserva Guarani.Estou um pouco desapontado, ao lado da estrada não tem muita coisa, uma escola, crianças brincando na frente e algumas casas, nada muito tradicional ou relacionado ao que eu vi no início da manhã. O sol arremessa seus raios, é quente demais para me perder nas montanhas, então sigo na direção da Baía de Paraty Mirim.

 

Após esse interlúdio de vinte quilômetros encontro a estrada em direção a Ubatuba, calor! Felizmente a estrada está sombreada. Teka, uma amiga que mora em Ubatuba, me deu um endereço e um contato na praia do Estaleiro, o que me fará pedalar outros 30 quilômetros antes de chegar ao meu destino.

Uma dúzia de quilômetros depois, me refresco por uma boa hora em uma cachoeira na beira da estrada. Logo são16:30, eu tenho cerca de duas horas antes da noite cair e 20 quilômetros para pedalar, com brutas ​​subidas comobônus, eu provavelmente vou chegar à noite, mas a vantagem é que eu posso desfrutar de uma luz bonita e um ar mais frio.

Este litoral é de uma beleza de tirar o fôlego, este é sem dúvida um dos mais impressionantes do Brasil, o lugar dos 4M: a Mata Atlântica, rica em alimentos e exuberante, o Mar, os Morros verdes e íngrimes e os Monolitosespalhados por toda parte.

Depois do primeiro topo, paro na cachoeira "da escada" com uma queda bastante alta, uma escultura a seus pés, mas já bastante movimentada neste momento.

 

Demais para o meu gosto de qualquer maneira, dou uma olhada e depois encontro a minha magrela gorda, de qualquer forma o tempo é apertado para chegar antes da noite, eu nem tenho mais tempo para mergulhar os dedos dos pés.

Finalmente chego ao anoitecer no centro do Coletivo Neo, na Praia do Estaleiro.

 

Bernardo me recebe e explica o funcionamento do Coletivo e dos projetos. Rodrigo e Valentim chegam logo depois, discutem projetos enquanto eu balanço em uma rede para descansar após meu dia de pedalada. Eu acabei indo armar a minha barraca, protegido da chuva, e descansar pela noite.